Um corolla 95 como você nunca viu!

Um corolla 95 como você nunca viu!

   Quando falamos sobre o universo dos carros personalizados, existe algo mágico no processo de transformar veículos comuns em projetos únicos, carregados de personalidade e dedicação.

   Para muitos entusiastas, essa paixão vai além de apenas dirigir: é sobre criar, modificar e, em muitos casos, ressignificar a própria história. Esse é exatamente o caso do Kaique Vicente, que pegou um Corolla 1995 herdado da família e o transformou em uma referência na cena automotiva underground. Com um conjunto de modificações que mistura estética agressiva, funcionalidade e inspiração de “show cars”, Kaique não só deu uma nova vida ao Corolla, mas também criou um projeto que chama atenção onde quer que passe.

   Nesta entrevista, ele compartilha os desafios, as escolhas e as curiosidades por trás do carro que virou sua assinatura pessoal. Prepare-se para conhecer cada detalhe desse “vovô tunado”, uma verdadeira joia sobre rodas que impressiona pelo capricho.

Você acreditaria no potencial dessa perua? (foto: Acervo pessoal)

D: Fala Kaique! Tudo na paz? Esse é o seu primeiro carro ou você já teve outros modelos antes? Quais?

K: Salve galera, tudo certo! Já tive outros dois carros antes do Corolla: um Ford Mondeo 1997, azul marinho, motor 2.0, e um Citroën C3 1.4, famosa “joaninha francesa”. Apesar da fama que o modelo tem, ele não me trouxe problemas.

D: O que te fez olhar para um Corolla 95 e pensar: “É esse carro que vou transformar”? Você já procurava um carro assim ou ele acabou caindo no seu colo por acaso?

K: O Corolla era do meu pai. Ele já havia feito o motor e o câmbio, mas, pouco tempo depois, o motor apresentou problemas novamente e ele perdeu completamente o interesse no carro. A ponto de querer trocá-lo por um Voyage 1.0. Para evitar que isso acontecesse, convenci meu pai a deixar o Corolla parado, e, como alternativa, dei o Citroën C3 para ele usar. Assim, o Corolla ficou estacionado por dois anos até que eu terminei de pagar o Citroën e comecei a trabalhar no projeto.

 

D: Vi que o carro ganhou um novo jogo de rodas. Poderia nos falar mais sobre as especificações das rodas e pneus?

K: Atualmente, estou utilizando rodas aro 17 da marca Rodera, modelo ROC, com tala 9 e offset 15. Os pneus são na medida 195/40. É um conjunto mais agressivo do que o esperado para vovô dessa idade, mas combina perfeitamente com o estilo do projeto.

D: Seu Corolla foi um dos primeiros dessa geração rebaixados no Brasil. Você sempre utilizou suspensão a ar ou já usou outras preparações? Por que escolheu a suspensão a ar e qual kit está instalado no carro?

K: Comecei utilizando suspensão fixa com molas esportivas. Mas sempre tive a ideia de que, se fosse rebaixar ainda mais, só faria isso com suspensão a ar. Meu principal motivo foi a preocupação com a preservação da lataria e do assoalho. Usei o carro por muito tempo com uma altura mais funcional para o dia a dia, até finalmente instalar o sistema de suspensão a ar. Sempre sonhei com aquele momento em que você chega a um lugar, estaciona o carro e deixa colado no chão.

D: É verdade que esse carro era automático e você trocou para o câmbio manual? Essa decisão foi feita exclusivamente para o projeto ou envolveu também questões de manutenção?

K: Sim, o carro era automático, mas decidi fazer o swap para o câmbio manual. Essa mudança foi motivada principalmente pela performance, já que o câmbio automático deixava o carro “preso”, priorizando o conforto. Após a troca, o carro ficou muito mais ágil e prazeroso de dirigir. É incrível sentir o controle total do carro, fico me sentindo um personagem do Velozes e Furiosos.

D: Você fez ou pretende fazer alguma modificação no motor ou no desempenho? Ou o foco foi deixá-lo bonito e funcional no dia a dia?

K: Atualmente, o motor possui algumas alterações: entrada de ar (intake), escape 4x2x1 dos modelos mais recentes (Corolla 2001), todo em inox 2.5 polegadas direto, cabeçote com aumento de taxa e polimento dos dutos, retrabalho nas sedes de válvulas e eliminação da válvula EGR. Além disso, troquei o coletor de admissão por uma versão com melhor fluxo de ar.

No futuro, planejo instalar uma FuelTech, bobinas individuais e ITBs (corpos de borboleta individuais). Meu objetivo é atingir entre 120 e 130 whp, já que o carro originalmente entrega cerca de 90 whp. Nada muito absurdo.

D: Seu carro chama muita atenção por ser algo diferente na cena de modificados nacional. Como as pessoas reagem ao vê-lo em eventos? Já perguntaram se era outro carro ou algo do tipo?

K: As pessoas sempre elogiam e, muitas vezes, me perguntam que carro é ou até mesmo se eu trouxe de outro país. Alguns chegam a olhar a identificação do emblema para confirmar (risos). No geral, o carro é muito bem recebido, tanto em eventos quanto nas ruas.

D: A frase “Corolla não quebra” é verdade? Como é lidar com peças e manutenção de um modelo importado de 1995?

K: Quem dera! No meu caso, essa frase não colou. Já precisei abrir o motor três vezes, fiz manutenção no câmbio automático e, depois, no manual, além de trocar quatro alternadores e várias homocinéticas. Admito que parte disso foi por causa do uso intenso, já que eu tenho o DNA de cupim de ferro.

   Há 13 anos, quando o carro entrou na família, era muito difícil encontrar peças. Quando aparecia alguma, você tinha que comprar imediatamente, porque podia ser a última disponível. Hoje, a reposição mecânica está muito mais acessível, mas peças de lataria ficam cada vez mais complicadas de encontrar.

D: De onde veio a inspiração para personalizar o cofre do motor? Você já tinha essa intenção ou começou com cabo de vela colorido e nunca mais parou?

K: Sempre me inspirei nos “show cars” que via em revistas e vídeos antigos. Desde o início do projeto, já tinha em mente a ideia de personalizar o cofre. A história é parecida com de todos, primeira mudança foi instalar cabos de vela coloridos, e, a partir daí, não parei mais. (risos)

O cofre do carro dele é mais limpo que o chão da sua casa

D: Pretende um dia fazer um wire tuck completo?
Não tenho planos para um wire tuck completo, já que é um processo muito trabalhoso e caro, além de exigir que o carro fique parado por muito tempo. Fiz uma limpeza leve no cofre, removendo fiações desnecessárias e alguns periféricos obsoletos, o que já deu um visual mais limpo.

D: Qual sua dica para quem está pensando em comprar um Corolla dessa geração?
K: Corre Bino que é cilada! (risos) Minha principal dica é dar preferência a um Corolla em bom estado estético e, de preferência, sem histórico de colisões. É essencial que o carro tenha toda a lataria em ordem, pois essa é a parte mais difícil de manter. Quanto ao motor, o ideal é verificar o histórico de manutenção e a quilometragem.

D: Um carro que você gostaria de ter para outro projeto e um que nunca teria?
K: Adoraria ter uma Passat ou Jetta Variant, ou até mesmo uma BMW Touring. Qualquer ano desses modelos seria incrível. Já um carro que não teria seria o Fusca. Apesar de admirar os projetos que vejo, não consigo me imaginar dirigindo um. Além disso, o espaço interno é bem limitado, o que não combina comigo.

D: Obrigado pela atenção irmão e parabéns pela obra de arte que você montou. Por onde as pessoas podem acompanhar mais o projeto?
K: Obrigado por essa oportunidade de contar um pouco da história e das modificações do meu projeto. É sempre um prazer compartilhar essa paixão com outros entusiastas. Podem me seguir pelo instagram @kahvicent Espero que minha experiência sirva de inspiração para quem está pensando em iniciar um projeto de carro personalizado.

Depois de conhecer todos os detalhes dessa nave 1995 do Kaique, fica claro que personalizar um carro é muito mais do que uma simples questão de estética ou performance: é sobre contar uma história, explorar a criatividade e, acima de tudo, celebrar a paixão por automóveis. O projeto dele é a prova de que, mesmo com um modelo mais antigo e desafios na manutenção, é possível criar algo único, que impressiona tanto pela ousadia quanto pelo cuidado nos detalhes. Fugindo da mesmice.

Para quem acompanha o mundo dos modificados, o Corolla de Kaique é um exemplo de que a cena brasileira está cada vez mais rica em inovação e autenticidade. E se você tem um carro antigo em casa ou está pensando em começar um projeto, essa história é a inspiração perfeita para tirar suas ideias do papel. No final, não importa se você é fã de potência, estilo ou uma mistura dos dois, o importante é colocar sua identidade no carro e aproveitar o processo.

E aí, o que achou do projeto? Qual modificação chamou mais sua atenção? Deixe seu comentário e compartilhe com aquele amigo que ama projetos automotivos! Ah, e fique ligado aqui no blog para mais histórias do universo automotivo underground. 🚗💨

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